A jornalista americana Amy Wallace, coautora do livro póstumo de Virginia Giuffre (1983-2025), fez um apelo ao príncipe Andrew para que revele tudo o que sabe sobre os abusos cometidos pelo financista Jeffrey Epstein (1954-2019). O empresário se suicidou na prisão após ser condenado por crimes sexuais e enquanto aguardava julgamento por supostamente comandar uma rede internacional de exploração.
A escritora trabalhou ao lado de Virginia por quatro anos na produção de “Nobody’s Girl” (A Garota de Ninguém, em tradução livre), lançado na terça-feira (21) no Reino Unido. A obra reúne relatos inéditos sobre o caso e amplia as denúncias feitas por Virginia contra o príncipe britânico.
Virginia alegou ter sido explorada sexualmente por Epstein e por alguns de seus associados quando era adolescente. Seu nome ganhou repercussão mundial após acusar o filho da falecida rainha Elizabeth II de envolvimento nos atos quando ela tinha apenas 17 anos – alegações que ele sempre negou.
Em entrevista ao programa Newsnight, da BBC, Amy afirmou que o irmão do rei Charles III “chegou a indicar que estaria disposto a cooperar com as investigações nos Estados Unidos”, mas “por algum motivo, nunca esteve disponível”.
“Isso é algo que ele ainda pode fazer. Ele poderia dizer, como tem dito ao longo dos anos: ‘Continuo negando que estive envolvido… mas eu estive nessas casas, naquela ilha, naquele jatinho, e testemunhei coisas. Sei o quanto essas mulheres sofreram e quero compartilhar o que vi'”, sugeriu a jornalista.
No livro, Virginia – que morreu em abril passado, aos 41 anos -, afirma ter tido relações sexuais com o príncipe Andrew em três ocasiões diferentes, o que ele sempre negou. Segundo a autora, o terceiro encontro teria ocorrido na ilha particular de Epstein, durante “uma orgia” com o financista e outras jovens.
Andrew, que em 2022 firmou um acordo extrajudicial com Virginia nos Estados Unidos, anunciou no último dia 17 que abriria mão voluntariamente de seus títulos de nobreza, incluindo o de duque de York, concedido pela rainha Elizabeth II.
“Posso falar por Virginia; sei que ela consideraria isso uma vitória, por ele ter sido, de alguma forma, forçado a renunciar a esses títulos”, declarou Amy, acrescentando que o gesto “simbólico era um passo na direção certa”.
A jornalista acrescentou: “Virginia queria que todos os homens para os quais foi traficada, contra a sua vontade, fossem responsabilizados – e [Andrew] é apenas um deles. Mesmo que ele continue negando, está pagando o preço por seu comportamento passado, como deveria acontecer.”
Ao relembrar a amiga e coautora, Amy finalizou: “Fico triste, mas honrada por poder falar um pouco em nome dela. Virginia escreveu este livro para tentar ajudar outras pessoas, para tornar o mundo um lugar melhor. Ela merece todo o mérito – não só por ter levado o príncipe Andrew a renunciar a seus títulos, mas, sobretudo, por ter tido coragem de dizer: ‘Isso não está certo’.”
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